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A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA EM APRENDER

MARCOS COSTA

Foto do escritorMARCOS COSTA

REFORMA PROTESTANTE E CONTRA REFORMA

Na primeira metade do século XVI, paralelo ao grande consórcio realizado entre portugueses e investidores judeus sefarditas radicados na holanda para explorar o negócio do açúcar no Brasil, outros dois acontecimentos importantes na Europa reverberarão também no Brasil. Trata-se da Reforma Protestante de 1517 – que segundo Max Weber criou uma religião muito mais adequada ao espírito do capitalismo – e da Contra Reforma em 1547 – uma reação do catolicismo à primeira reforma. A partir desse momento o mundo se dividiria entre católicos e reformistas, incluídos nessa denominação todo aquele que não seguisse o catolicismo. Foi uma época obscura de caças às bruxas.

Do ponto de vista dos negócios essas exacerbações e essas polarizações dos espíritos vão ser nefastas. A Espanha foi o berço da Contra Reforma e da resistência do catolicismo ao reformismo. Desde 1478, no reinado de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, funcionava na Espanha a inquisição ou o Tribunal do Santo Ofício, com o intuito de manter a ortodoxia cristã protegida dos ventos reformistas. Em 1492 já haviam expulsado os judeus do território espanhol.

Em Portugal a perseguição aos judeus se, por um lado, foi ostensiva – a partir de 1496 com o decreto de expulsão – de outro lado, o grosso do comércio português estava nas mãos de judeus. Desse modo, ao mesmo tempo que perseguia – para manter boas relações com o catolicismo – portugal fazia vistas grossas porque a sua economia dependia dessas parcerias, desse comércio.

Se em 1496 com o casamento de D. Manuel com a princesa Isabel de Castela e a aproximação com a espanha havia colocado um empecilho no consórcio entre portugueses e comerciantes e financistas judeus, em 1580 com a união ibérica o consórcio vai ser praticamente extinto, para a desgraça de Portugal, e consequentemente do Brasil. Com a união ibérica, a inquisição espanhola vai estender seus tentáculos contra essa tolerância portuguesa para com os judeus que vai consequentemente reverberar no Brasil. A inquisição esteve no Brasil em 1591 na Bahia e no Recife – não por acaso nos dois grandes pólos produtores de cana de açúcar – para assuntar a presença de judeus e, evidentemente caçá-los. Toda estrutura do negócio do açúcar instalada no Brasil passa a correr risco de ruir. Para a Espanha também apoderar-se dos negócios dos judeus holandeses no Brasil, era uma forma de vingar-se da Holanda que em 1568 travou contra a Espanha uma guerra de secessão. Com as investidas espanholas e o avanço das retaliações e perseguições no Brasil, o cerco vai se fechando de tal maneira aos judeus que tocavam o negócio do açúcar no Brasil, a ponto de tornar insustentável a manutenção do consórcio e levar a Holanda – como veremos – a invadir o Brasil em 1624.



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