A partir do momento que Portugal resolve expandir seus negócios para o Brasil, a relação entre adventícios e naturais da terra vai sofrer uma guinada.
Embora os relatos referentes ao encontro entre adventícios e naturais da terra retratem um encontro ameno, a verdade é que se tratou, esse encontro, em verdade, de um acontecimento único. Alteridade é a palavra mais adequada para descrever esse encontro entre duas formas de civilização diametralmente opostas e que se hostilizavam mutuamente a ponto de engendrarem uma hecatombe. Primeiro pelo contato direto pela luta intensa travada entre eles e depois por meio das doenças transmitidas reciprocamente.
Enquanto as relações entre esses dois elementos se resumiam ao escambo, os contatos eram pequenos, nada afetou a unidade e a autonomia do sistema social tribal, mesmo porque os adventícios que viviam entre os naturais da terra se sujeitavam inteiramente aos desígnios da tribo, o que dava aos nativos a possibilidade de impor sua autoridade e seu modo de vida.
Ao substituir o escambo pela agricultura, porém, os portugueses alteraram completamente seus centros de interesse no convívio com o indígena. Este passou a ser encarado como um obstáculo à posse da terra. Passamos então, do período de tensões encobertas para a era do conflito social com os índios. “os índios resistiram ou foram dizimados pelo desconforto de uma vida avessa a seus hábitos” . Essas hostilidades recorrentes levam os povos indígenas cada vez mais para o interior do continente.
A partir de 1570 proibi-se a escravização de índios, essa decisão tem um duplo sentido: primeiro incentivar a importação de escravo, que era o grande negócio dos portugueses e segundo, desestimular as entradas no sertão – onde se caçava esses índios para escraviza-los – e com isso salvaguardar também as terras de qualquer tipo de prospecção de ouro, prata e pedras preciosas.
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