A estabilidade econômica proporcionada pelo plano Real e a grande reforma do Estado brasileiro operacionalizada pelo governo FHC, deram alicerces sólidos para a sempre instável democracia brasileira, a ponto de transformar as eleições de 2002 numa eleição realmente histórica. A economia brasileira estava em franco processo de expansão, entrando em um estágio amadurecido e colhendo os frutos de todo processo que havia sido inagurado pelas politicas de FHC. Ninguém jamais poderia imaginar que em um momento como esse seria eleito para presidente um partido de esquerda e um presidente oriundo das classes trabalhadoras.
O último presidente que havia se aproximado da classe trabalhadora e que nutria simpatias pelas esquerdas – João Goulart – havia sofrido um golpe militar. A julgar pelas bandeiras históricas do partido dos trabalhadores – levantadas no final da década de 1970 e inicio da década de 1980 – e pela postura do partido ao longo dos anos – seja no Congresso, seja no senado – de oposição à política neoliberal de FHC, julgava-se que a desaceleração desse processo criaria embates na política brasileira. Embora tenha ocorrido uma modernização da economia e uma estabilidade econômica que contribuía para o bem estar social, na era FHC não havia ocorrido uma mudança substancial nas condições de vida da parcela mais pobre da população. Esperava-se que, no governo Lula, o foco no desenvolvimento econômico que beneficiava uma elite fosse direcionado para questões sociais em beneficio do povo.
Governando em um momento propício da economia do país, o governo Lula conseguiu fazer com que a política econômica e social do Estado brasileiro convergisse para uma agenda única. A criação de programas de distribuição de renda para aqueles que viviam na linha da miséria, combinado com o aumento da oferta de crédito para a classe média, fez com que um princípio básico da economia ocorresse de forma sistemática e o aumento do poder aquisitivo da população fez girar a roda da economia. Esse giro libera uma reação em cadeia: maior consumo, maior produção, melhores resultados no comércio e nos serviços, aquecimento econômico, pleno emprego e uma sensação generalizada de bem estar social. Entre 2002 e 2010 vivíamos no melhor dos mundo possíveis. No entanto, entre 2005 e 2006, uma denúncia de compra de votos por parte do governo, de parlamentares no Congresso Nacional para a aprovação de projetos de interesse do governo – o chamado mensalão – trouxe de volta os velhos fantasmas que o povo brasileiro esperava que tivessem ficado no passado.
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