Na escassez de metais preciosos – ouro e prata – a riqueza que poderia ofertar o Brasil era o açúcar. É em torno deste produto e dos engenhos de produção que o país vai surgindo, como bem nos esclareceu Gilberto Freyre no livro Casa Grande & Senzala .
Desde os primórdios da expansão marítima portuguesa, como vimos, que a produção de cana de açúcar foi introduzida nas ilhas do Açores e da Madeira. Quando a necessidade de ocupar as terras do Brasil se tornou um imperativo, foi escolhido o mesmo produto e o mesmo modelo de produção de açúcar implantado com sucesso nas ilhas portuguesas. Quando portugal optou por estender ao Brasil o sistema de produção de açúcar cujo protótipo havia sido desenvolvido na Ilha da Madeira, associou-se - como havia feito ao longo de toda a história da expansão comercial e marítima – a poderosos grupos econômicos ligados a judeus sefarditas radicados em Amsterdam. Após o édito de expulsão dos judeus de Portugal – 1496 - muitos deles migraram para a Holanda, onde encontraram acolhimento em amsterdã. Sem esse capital, teria sido impossível para portugal colonizar o Brasil nos moldes que colonizou, como uma empresa comercial.
Desse modo, os grandes engenhos que produziam açúcar no Brasil no início da colonização eram de judeus. Os de São Vicente, os da Bahia e os de Pernambuco. O esquema funcionava da seguinte forma: os latifundios produziam a cana de açúcar com trabalho escravo – cujo monopólio na oferta da mão de obra - como vimos - era dos portugueses. Os engenhos retiravam da cana o produto bruto – o melaço – esse produto era transportado para a Holanda onde era processado e vendido na Europa. A verdade é que o negócio do açúcar no Brasil não era português, era comandado por aqueles judeus sefardidas portugueses radicados na Holanda.
O negócio de Portugal era – como dono das terras – o monopólio da oferta do trabalho escravo e as taxas que recolhia da produção do açúcar dos engenhos no Brasil. Essa foi a forma engenhosa que Portugal arrumou para manter a posse da terra. Terceirizou a produção para a iniciativa privada, monopolizou o suprimento de mão de obra escrava e ainda, de quebra, abocanhava parte da produção e os tributos. Esse consórcio, essa concessão dos portugueses de suas terras, durará até a união ibérica em 1580.
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