O suicídio de Getúlio marca o fim do período da política mais nacionalista no Brasil e o início de um projeto desenvolvimentista que lançava mão do apoio externo. Nos anos 1950 estava no auge a polarização iniciada no final da II guerra mundial, entre Estados Unidos e União Soviética, a chamada guerra fria. O debate em torno do nacionalismo ganha força sobretudo entre os comunistas, na medida em que colocavam-se contra qualquer interferência dos Estados Unidos no Brasil, seja culturalmente, seja economicamente. Desse modo, enquanto as esquerdas pregavam uma ruptura com o imperialismo americano, o governo de JK vai na direção oposta, ou seja, para viabilizar o seu plano de metas procurou atrair investimentos para o Brasil, seja por meio de empréstimos, seja por meio da instalação no Brasil de empresas americanas. Na década de 1940, dos 41.236.315 de habitantes, apenas 31,24% moravam na área urbanas, enquanto 68,76% moravam nas áreas rurais, o que nos indica o incipiente processo de modernização implantado a partir dos anos 1930, que mal havia despertado o interesse das pessoas pelo ritmo do desenvolvimento e da qualidade de vida urbana. Apenas a partir da década de 1950 que esse quadro começa a se alterar, quando 24% da população rural migra para as cidades, 36% em 1960 e 40% em 1970, correspondendo nestas três décadas a 40 milhões de pessoas.
Até o ano de 1950 os meios de transportes mais utilizados no Brasil para passageiros e cargas eram o ferroviário e a cabotagem. Espalhadas pelo país estavam mais de 25 mil kilometros de ferrovias. Embora a Petrobras tivesse sido fundada em 1953, no governo Vargas, no final dos anos 1950 o Brasil ainda importava praticamente 100% do petróleo que consumia e mesmo nos anos 1970, quando a Petrobras já estava há duas décadas operando, a dependência do Brasil para as importação era de cerca de 80%. Com a política desenvolvimentista de JK, o país passa a trocar as ferrovias pelas rodovias com o imenso incentivo a fabricação de automóveis. Na década de 1950, grandes montadoras multinacionais abriram fábricas no Brasil, como é o caso da alemã Volkswagen em 1953, e nos próximos anos a Mercedes Bens, Ford e General Motors. JK foi prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas. Destaca-se neste período de prefeito a construção da Pampulha com projeto de Oscar Niemayer. Já presidente, o slogam 50 anos em 5 dá um pouco o tom do que seria o governo de JK, a começar pela construção da cidade de Brasília para se tornar a capital do Brasil. Uma cidade construída do zero, com projetos de Lúcio Costa e Oscar Niemayer, como nunca na história do Brasil tinha se visto. Tudo planejado, arquitetado, bem diferente do caos que sempre fora o desenvolvimento urbano no país. Arquitetura moderna, no entanto, para o usufruto dos ricos e para a contemplação dos pobres. A forte atuação do Estado na gestão JK – inspirado no keinesianismo - promovendo o desenvolvimento da infra-estrutura do país e da industrialização, encaixava-se dentro daquilo que ocorria no mundo nos anos imediatos ao pós guerra, com a crise do liberalismo europeu. Consistia na defesa da intervenção estatal na economia para garantir um estado de bem estar social que se resumia, sobretudo, no incentivo a produção e a manutenção dos níveis de emprego.
O governo JK reflete a tentativa de transformar o Brasil definitivamente em um país urbano e industrial. Por isso o forte incentivo à industria automobilística de um lado e a cultura das cidades do outro. Esses dois aspectos transparecem no investimento em estradas e na produção de automóveis de um lado e, por exemplo, na sua obra mais ousada, a construção da cidade de Brasília, inteiramente planejada, inaugurada em 21 de abril de 1960, dia do descobrimento do Brasil.
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