No período entre 1945 e 1960 o governo brasileiro incentivou a formação e o desenvolvimento das chamadas indústrias de base, ou seja, aquelas que produziam matérias primas – como chapas de ferro e de aço - para o abastecimento de pequenas indústrias – de parafusos, pregos, ferramentas – que por sua vez abasteceriam as grandes indústrias – muitas delas multinacionais – como a automobilística. Nesse sentido foi criada em 1946 a Companhia Siderúrgica Nacional. A diversificação da economia exigia também o aumento e a difusão de matrizes energéticas que no Brasil dos anos 1940 ainda eram bastante precárias. Já no governo Vargas – eleito em 1950, desta vez pelo voto direto – foram criadas várias usinas hidrelétricas, tais como a de Paulo Afonso na Bahia e a de Furnas em Minas Gerais. Outra empresa importante criada em 1953 por Vargas foi a Petrobras, para fomentar também outros ramos de pequenas indústrias que alimentariam as grandes com insumos derivados do beneficiamento do petróleo – borracha, tinta, fertilizante, asfalto etc -. Desse modo, o país assiste ao desenvolvimento relativamente rápido da industrialização e da urbanização. Todo esse desenvolvimento fortemente incentivado pelo Estado por meio de benefícios e empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) criado também em 1952. Era o Estado que, no fundo, mediante incentivos, capitalizava os empresários para investir e diversificar a economia brasileira. O problema era o modo como, desde as oligarquias do café, esses empresários tinham acesso aos benefícios concedidos pelo governo. Faziam parte de um estamento, ou seja, o que segundo Weber se resume numa certa teia de relacionamentos que constitui um determinado poder com capacidade de interferir em determinado campo de atividade ou em determinado governo. No Brasil, o estamento “comanda o ramo civil e militar da administração e, dessa base, com aparelhamento próprio, invade e dirige a esfera econômica, política e financeira. No campo econômico, as medidas postas em prática, que ultrapassam a regulamentaçao formal da ideologia liberal, alcançam desde as prescrições financeiras e monetárias até a gestão direta das empresas, passando pelo regime das concessões estatais e das ordenações sobre o trabalho” .
O desenvolvimento da indústria, o consequente aumento no número de trabalhadores e um cenário inflacionário no início dos anos 1950 fez com que uma força que estava relativamente adormecida desde o início do governo Dutra em 1945, despertasse. As greves gerais – convocadas pelos sindicatos – pipocaram em várias regiões do país. O setor têxtil em São Paulo e o setor dos trabalhadores da estiva em Santos e Rio de Janeiro foram os mais atingidos, arregimentando de 100 a 300 mil trabalhadores. Neste contexto de embate com os trabalhadores – base do seu eleitorado – que Getúlio nomeia para Ministro do Trabalho João Goulart, com a tarefa cascuda de negociar um aumento de 100% no salário mínimo. Claro que uma proposta como essa atingiu diretamente a relação de Vargas com o setor empresarial e com parte do exército, que divulgou um manifesto rechaçando tal medida. Diante da pressão Vargas aceita o pedido de demissão de João Goulart mas mantém na integra o aumento dos salários que anuncia no comício do dia 1 de maio. A partir desse momento Getúlio atraia para si o ódio mortal dos setores contrários às medidas. Esse seria o início das pressões e das conspirações que desembocariam no suicídio de Getulio no dia 24 de agosto de 1954. O vice presidente Café Filho tornou-se presidente e permaneceu até outubro de 1955 quando se realizaram novas eleições, vencidas por Juscelino Kubitschek tendo vencido para vice presidente – na época as chapas eram diferentes para presidente e vice – João Goulart.
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